25º Domingo do Tempo Comum
- Pascom Lobato
- 24 de set. de 2018
- 3 min de leitura

“SE ALGUÉM QUISER SER O PRIMEIRO, QUE SEJA O ÚLTIMO DE TODOS E AQUELE QUE SERVE A TODOS!”
A liturgia do 25º Domingo do Tempo Comum nos convida a escolher a sabedoria de Deus e não “sabedoria do mundo”, pois só a Sabedoria de Deus nos conduz à vida plena. Nessa breve reflexão quero expor a ligação existente entre a 1ª leitura e o Evangelho no tocante a essas duas “Sabedorias”.
A 1ª leitura é retirada do livro da Sb 2,12.17-20. O Livro da Sabedoria foi escrito no século I a. C.. O autor deve ser um Judeu que falava grego, nascido e criado na diáspora. Segundo estudiosos o texto do livro da Sabedoria tem origem em Alexandria uma região de forte cultura helenista.
Na cultura helenista as outras culturas, como a judaica, eram desvalorizadas. É nesse ambiente que o texto da Sabedoria é escrito. O texto que lemos na missa é retirado da primeira parte do livro, nessa parte o autor disserta sobre o destino dos justos e o destino dos ímpios.
Os ímpios mencionados no texto são provavelmente os pagãos que hostilizavam os valores judaicos e que levavam uma vida imoral. Esses “ímpios” também podem ser judeus que apostataram a sua fé e que se deixaram contaminar pela cultura helênica.
A maneira como os “justos” vivem a sua fé gera incômodo na sociedade helenista e por isso os justos são vítimas de ultrajes por parte dos “ímpios”. A reação dos ímpios consiste na perseguição, nas ciladas e torturas como narrado no texto. Por detrás das ações de justos e ímpios está um confronto entre a “sabedoria do mundo” e a “sabedoria de Deus” que são duas mentalidades que estão em choque ainda hoje no nosso tempo. Por qual dessas “sabedorias” me deixo conduzir?
O evangelho é tirado de Mc 9, 30-37. O texto do evangelho divide-se em duas partes. Na primeira (9, 30-32), Jesus anuncia a proximidade de sua paixão, em Jerusalém; na segunda (9, 33-37), Jesus ensina aos discípulos a lógica do Reino: o maior, é aquele que se faz servo de todos. Note bem, que essas duas passagens estão intimamente unidas, pois a intervenção de Jesus é motivada pela discussão dos discípulos, que, no caminho que leva à morte disputam lugares e brigam pela precedência. Jesus intervém para dizer que na sua comunidade, só é grande aquele que é capaz de servir e de dar a vida aos seus irmãos (vv. 35).
Jesus completa a instrução aos discípulos com um gesto: Toma uma criança, coloca-a no meio do grupo. Na sociedade de então, as crianças eram seres sem direitos eram, um símbolo dos débeis, dos pequenos, dos sem direitos, dos pobres, dos indefesos, dos insignificantes. São esses que a comunidade de Jesus deve abraçar. O gesto de Jesus com a criança significa o seguinte: o discípulo de Jesus é grande, não quando tem autoridade sobre os outros, mas quando serve os pequenos.
No Evangelho deste 25º Domingo do Tempo Comum, os discípulos são o exemplo clássico de quem raciocina segundo a “sabedoria do mundo”. Os discípulos querem ser importantes para suceder a Jesus. Aquilo que os preocupa não é o cumprimento da vontade de Deus, mas a satisfação dos seus interesses próprios, dos seus sonhos pessoais.
Já a atitude de Jesus demonstra o desejo de quem segue a “sabedoria de Deus”. Quem quer seguir Jesus tem de mudar a mentalidade, os esquemas de pensamento, os valores egoístas e abrir o coração à vontade de Deus e aos desafios de Deus.
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