5º Domingo da Quaresma
- Pascom Lobato
- 19 de mar. de 2018
- 3 min de leitura

“SE O GRÃO DE TRIGO QUE CAI NA TERRA NÃO MORRE, ELE CONTINUA SÓ UM GRÃO DE TRIGO; MAS, SE MORRE, ENTÃO PRODUZ MUITO FRUTO”
Alguns estrangeiros, provavelmente gregos, pedem a Felipe: “queremos ver Jesus”. Esperavam encontrar um grande filósofo sábio disposto a dividir com eles a sua doutrina. Mas também não só por curiosidade, e sim por um desejo profundo de conhecer o mistério que se esconde naquele homem de Deus. É um pedido eterno das pessoas que também é dirigido a nós cristãos: “Mostrai-nos o vosso Deus, queremos ver em quem acreditais de verdade”. Devemos saber que Deus não se demonstra com raciocínios, com provas, mas se mostra. Mostrando mãos de amor, mostrando uma vida habitada por Ele.
Felipe fala com André e ambos vão dizer a Jesus. E Jesus responde: Quereis saber alguma coisa de mim? Olhai uma semente. Olhai o grão de trigo. Se ele não cair na terra e não morrer, fica sozinho; mas se morrer produzirá muito fruto. Como o grão de trigo é profecia de pão, também Eu sou um pão para a fome do mundo. Jesus não faz uma comparação abstrata, longe da vida. Se vocês quiserem me compreender olhai o grão de trigo; se quiserem me ver, olhai a cruz. O grão de trigo e a cruz são duas imagens como síntese ardente da vida de Cristo.
Atenção, porém: tal frase é perigosa se for mal-entendida, porque ela pode legitimar uma visão dolorosa e infeliz da religião. Se o grão de trigo não morrer permanecerá só, mas se morrer produzirá muito fruto. Se ficarmos nessa visão ela pode obscurece o conteúdo do evangelho… e seria uma leitura superficial. Geralmente nossa atenção se dirige rapidamente ao verbo “morrer” ( se o grão não morrer… mas se morrer…) Porém o conteúdo forte da resposta de Jesus está nos dois outros verbos: “permanecer” só ou “produzir” muito fruto.
O sentido da vida de Jesus e de todos nós se joga sobre o fruto, sobre a fecundidade, sobre a vida abundante que Ele veio nos trazer. Não é o morrer que dá glória a Deus, mas a vida em abundância, em plenitude. Florescer não é um sacrifício. A ação principal para a qual todo o texto do evangelho converge, o verbo principal é “ produzir”: o grão produz muito fruto. O acento principal não é sobre a morte, mas sobre a vida.
Não é o grão que se sacrifica, mas semente e fruto são transformação em mais vida: o botão se muda em flor, a flor em fruto, o fruto em semente. “A vida não é tirada mas transformada” nos diz a Palavra de Deus na liturgia dos defuntos. A semente brota no fruto; não se sacrifica e morre, mas ela se transforma na fruta; não é uma perda, mas uma produção. Semente e fruto não são duas realidades diversas, mas a mesma coisa: morre uma forma para renascer em uma forma mais plena e evoluída.
A 2ª imagem que Jesus oferece de si, além do grão de trigo, é a Cruz. “Quando eu for levantado da terra atrairei todos a mim”. Somos cristãos por atração, seduzidos pela beleza do amor de Cristo. A máxima beleza do mundo é aquela que aconteceu no monte fora de Jerusalém, no calvário, quando o infinito amor se deixa crucificar naquela cruz. E depois ressurgir, germe de vida imortal. Pois o oposto da morte além da vida, é o amor. O que se esconde na cruz de Cristo para ter esse poder de atração? Porque esta cruz é a declaração visível de seu amor incrível a todos nós.
Cada homem, cada mulher, são como grãos de trigo, semeados nos sulcos da história, da família, do ambiente de trabalho e chamados a produzir muito fruto. Se formos doadores de tempo, coração, inteligência, se nos dedicarmos como um atleta, um cientista, ou um enamorado à sua finalidade, então produziremos muito fruto. Se formos generosos, se formos fecundos como a semente na terra produziremos mais vida, multiplicaremos mais frutos, e desse modo poderemos responder a todos que nos perguntarem: “queremos ver Jesus”.
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